22 de junho de 2004
Arte efêmera

Apesar do entusiasmo do público especializado, gente normal como eu e você não chega a levantar sobrancelhas para as últimas
O estilista paulistano usou papel vegetal cortado a laser para criar vestidos que parecem saídos de um sonho, inspirados no glamour de várias épocas e locais. Aliou a força do branco puro com uma caracterização impecável de suas modelos usando collants pretos e capacetes de bonecos Playmobil (quem já teve um brinquedo desses quando criança não tem como não se arrepiar com o resultado).

Isso pra mim não é só moda: é arte em toda a sua nobreza. Grande arte sim, mas com prazo de validade marcado pelo próprio artista: ao final do desfile, as roupas foram rasgadas em plena passarela, causando grande comoção na platéia, que urrava e se descabelava com o espetáculo. As próprias modelos já tinham chorado nos bastidores, ao serem informadas que deveriam destruir as peças.


Depois de tanta arte conceitual sem noção nem emoção, de artistas que apenas expõem conceitos e não tocam o coração nem embelezam o mundo, coisas como essa ainda me fazem ter fé em algum tipo qualquer de vanguarda - palavra que já pareceu tão instigante e hoje é quase palavrão.
por Marcus Pessoa, às
00:32 -