Velho do Farol

Porque sim.

Velho do Farol

31 de dezembro de 2004

Flashes da vida real

Rogério, André e MarcusOs meus 12 leitores devem estar putos com a falta de atualizações. Nada demais: apenas peguei os últimos dias (semanas?) para me dedicar aos amigos e à família em Belém, desligando um pouco da internet.

Estou feliz porque os três pimpolhos ao lado (eu sou o da direita) estão juntos para curtir as festas de fim de ano, junto com a mãe da ninhada, depois de quase dois anos de separação. Rogério e André trabalham em outras capitais, e ter gente querida morando longe é algo estranho, como se uma parte de nós mesmos estivesse hibernando.

Não esperem muitos posts nos próximos dias (novidade...) Isto é, vai ter um onde falo do (até o momento) melhor disco de 2005 (?!?).

Eu só queria dizer, agora, que há pelo menos uns três anos esse dia 31 de dezembro tem um gosto especial pra mim: cada ano tem sido sempre melhor que o anterior, e isso acabou jogando pra escanteio aquela depressãozinha de fim de ano que me atacava desde criança. O desafio desse 2005 é simples: voltar para a universidade e terminar um curso, unzinho pelo menos, depois de três desistências.

As coisas vão ficar ainda melhores, tenho certeza. E é isso mesmo que desejo a todo mundo: um 2005 cheio de desafios e também de vitórias. A gente resiste. Não tem maremoto, Bush, Bin Laden, para me tirar essa esperança. Um abração a todos!

por Marcus Pessoa, às 14:07 -

18 de dezembro de 2004

A vida, por um jovem

Werther e sua amada LotteO lindo romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de J. W. Goethe, foi um jorro de lirismo e amor pela vida que me pegou em determinado momento em que eu estava precisando muito disso.

O romance, epistolar, não tem outro assunto que a busca de Werther pela felicidade e pelo amor. A carta abaixo é, na minha opinião, o momento mais pulsante dessa busca.

Se você clicar em alguma das figuras, pode comprar o livro e dar uma comissãozinha para o Alexandre. A tradução deste trecho é de Marion Fleischer.

* * * * *

Que a vida do ser humano não passe de um sonho, eis uma impressão que muitas pessoas já tiveram, e eu também vivo permanentemente com essa sensação. Quando observo as limitações que cerceiam as forças ativas e criadoras do homem, quando vejo como toda a atividade se resume em satisfazer as nossas necessidades, que, por sua vez, não visam outra coisa senão prolongar nossa pobre existência; quando percebo que todo apaziguamento em relação a determinados pontos de nossas buscas constitui apenas uma resignação ilusória, uma vez que adornamos com figuras coloridas e esperanças luminosas as paredes que nos aprisionam -- tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Volto-me para mim mesmo, e encontro todo um mundo dentro de mim! Novamente, vejo-o mais a partir de pressentimentos e de vagos desejos, muito mais do que nitidamente contornado e povoado de forças vivas. Tudo então passa a flutuar diante dos meus sentidos, e prossigo sorrindo e sonhando na minha jornada pelo mundo.

Os Sofrimentos do Jovem WertherTodos os pedagogos eruditos são unânimes em afirmar que as crianças não sabem por que desejam determinada coisa; mas também os adultos, como as crianças, andam ao acaso pela terra, e, tanto quanto elas, ignoram de onde vêm ou para onde vão; como elas, agem sem propósito determinado e, igualmente, são governados por biscoitos, bolos e varas de marmelo: eis uma verdade em que ninguém quer acreditar, embora ela seja óbvia, no meu entender.

Concordo -- pois já sei o que me vais responder -- que os mais felizes são aqueles que, como as crianças, vivem a esmo dia após dia, carregando suas bonecas, vestindo e despindo-as, rondando respeitosos a gaveta onde a mãe guardou o pão doce, e gritando, com a boca cheia, quando finalmente conseguem o que cobiçavam: "Quero mais!" Estes são felizes. Também são ditosos aqueles que dão títulos pomposos às suas míseras ocupações ou até mesmo às suas paixões, alegando que se trata de empreendimentos gigantescos, destinados à salvação e ao bem-estar da humanidade. Bem-aventurado aquele que consegue ser assim! Mas aquele que humildemente percebe a que leva tudo isso, vendo como o cidadão, quando satisfeito, transforma o seu pequeno jardim num paraíso, como, por outro lado, até mesmo o deserdado da fortuna carrega corajosamente o fardo e segue o seu caminho, e como todos, afinal, desejam igualmente enxergar a luz do sol por um minuto mais -- quem observa a tudo isso recolhe-se no silêncio, molda o seu mundo à semelhança de seu próprio íntimo, e também é feliz porque é um ser humano. E então, por mais limitado que seja, guarda sempre no coração a doce sensação da liberdade, sabendo que poderá livrar-se do cárcere quando quiser.

por Marcus Pessoa, às 11:31 -

13 de dezembro de 2004

Mais Netscape

A matéria sobre o Netscape aí embaixo me deu duas alegrias: Rafael Galvão disse que o texto poderia também se chamar "Pequena História da Internet no Brasil"; e recebi minha primeira menção (muito honrosa) no melhor blog do mundo (segundo o júri popular do Best of the Blogs).

O Rafael já tinha publicado no ano passado um post com uma boa sincronicidade com o que eu escrevi, referindo-se à ocasião em que foi desfeito o time de desenvolvedores do Netscape e se imaginava que a marca não seria mais usada (antes fosse verdade...)

Vou citar abaixo o comentário que ele postou aqui sobre o assunto:

"Também fui defensor do Netscape. Também deixei de usar aí pelo 4.74, porque ele tinha se tornado impraticável (só uma correção: a versão inovadora do IE foi a 4; a partir daí, ele nao acrescentou nada de realmente decente). Discordo da afirmação de que o Netscape foi asfixiado: na verdade, ele era lixo, com um código confuso, colcha de retalhos mal alinhavada pelo Marc Andreesen - tanto que o código do Mozilla foi feito do nada. E o meu primeiro post foi sobre o fim do Netscape. Voltei a usar o danado nas versões 7, que trouxeram o tabbed browsing.

Curiosamente, acho que vou dar uma olhada no [novo] Netscape, a não ser que ele venha cheio daquelas inutilidades com que a AOL piorava o Mozilla. O fato de ele permitir que se use o motor do IE não me obriga a isso. E eu ando tendo alguns problemas com o Firefox, principalmente no que diz respeito a popups. Aliás, o bloqueador de popups do IE é melhor que o do Firefox. Nada tão sério que me faça sequer sonhar em voltar aquela tragédia, ou mesmo outros tipo Opera, mas ainda assim um incômodo. Além disso, eu sou um saudosista".

Depois, por e-mail, ele fez algumas correções:

"Depois de reler o post, eu me toquei de uma coisa: eu desisti do Netscape quando vi a versão 6, ainda beta. Eu usei o Netscape 4 desde a versão Preview Release 1 (foram 4, ao todo). Quando vi aquele beta lentíssimo, que se arrastava para iniciar, eu joguei a toalha.

E esqueci de reforçar outra coisa: a questão política. Embora eu tenha ficado meio cabreiro quando percebi que estava fazendo uma bobagem defendendo fanaticamente o Netscape. Aliás, duas: o produto da Netscape era ruim, e não havia mais política em defender um produto da AOL; era um monopólio contra outro. Lembro que o Netscape era profundamente invasivo, instalava uma porrada de porcarias da AOL. Mesmo em suas últimas versões você só podia instalar o Netscape Mail (que não valia nada, a propósito) se instalasse o AIM".

Firefox: 10 milhões de downloads* * * * *

Quero acrescentar apenas que esse "novo" Netscape não pode ser considerado um digno sucessor da velha marca também porque, tendo seu time de desenvolvedores sido integralmente demitido no ano passado, provavelmente foi criado por uma empresa terceirizada pela AOL.

* * * * *

Uma boa notícia relacionada a isso foi o alcance, em pouco mais de um mês, da meta de 10 milhões de downloads da versão 1.0, final, do Firefox. Spread Firefox you too!

por Marcus Pessoa, às 15:27 -

The ceremony is about to begin


O pessoal do Omelete tem razão: este é o melhor poster de todos os filmes do morcego vigilante de Gotham.

Tem outro bom poster no site oficial. E saiu hoje na net o primeiro trailer (ou segundo teaser) do filme. Batman não aparece muito: mas vemos parte do treinamento de Bruce Wayne com seu mestre Henri Ducard (Liam Neeson).

As novidades (via Sobrecarga) são alvissareiras...

por Marcus Pessoa, às 02:59 -

11 de dezembro de 2004

O Netscape morreu, viva o Netscape

R.I.P.(Senta que lá vem história).

Rewind

Eu não aprendi a digitar. Eu aprendi a datilografar, numa máquina de escrever Olivetti, pesadona, manual, quando tinha uns treze anos. As teclas não tinham as letras impressas, mas apenas cores que indicavam qual o dedo certo para pressioná-las. Fiquei tão bem acostumado com esse arranjo que até hoje sou bem rápido digitando, com todos os dedos e sem olhar para o teclado.

(Grandes coisas...) De qualquer forma, meu presente de aniversário mais bacana dessa época foi uma máquina Remington portátil, também manual, onde escrevinhei minhas primeiras bobagens adolescentes e comecei a pescar um dinheirinho pra ir ao cinema e comprar chocolates. O único "problema" era testemunhar a burrice abissal de alguns estudantes que me pagavam pra datilografar seus trabalhos.

No meu primeiro emprego de verdade, anos depois, eu usei pela primeira vez um computador: com MS-DOS instalado e um programinha maravilhoso, o Word para DOS 4.0. Mil teclas de atalho a decorar, e que prazer poder mexer, copiar e colar à vontade. Ver o trabalho saindo numa barulhenta impressora matricial era ótimo, imagine então quando formatei um livro inteiro para aquela estrondosa novidade, chamada impressora a laser. Eu sentia o objeto livro deixando de ser um tipo de monolito fabricado em lugares longínquos.

Máquina de escreverAlguns meses depois, num novo emprego, me deparei assustado com aquele mundo de ícones, barras e listas pulantes: o sensacional Windows 3.1. Que espanto! OK, eu não via muita serventia naquelas mil bobagenzinhas do Gerenciador de Programas, e ficava brincando horas e horas trocando o papel de parede ou os sons do sistema. Mas havia o WordPerfect 5.1 instalado, me mostrando na tela um retrato fiel do que eu veria no papel. A tela branquinha era um ambiente acolhedor.

É claro que eu não podia continuar um informata part-time. Eu comprei um computador 486 (o must da época) e coloquei em seguida um modem (que, por incrível que pareça, era um acessório raro nos micros caseiros). A marca era US Robotics e ele alcançava a estonteante velocidade de 14,4 kbps.

Netrópolis

Por volta de 93 ou 94 eu já tinha lido num caderno Mais da Folha de S. Paulo sobre aquela fascinante novidade: a internet. A matéria cunhava o termo "netrópolis" (que não pegou, é claro) para designar aquela comunidade de gente trocando idéias e fazendo seu trabalho através de uma enorme rede de computadores.

Naquela época a net não ia muito além da Usenet (os grupos de discussão) e dos repositórios de arquivos da comunidade acadêmica (Gopher, se não me engano; sou péssimo com termos técnicos). A web gráfica e colorida que vemos hoje não existia, ou era muito restrita, e o grande público nada sabia sobre isso. Mas o autor da matéria falou sobre gente em várias partes do mundo discutindo, por exemplo, a obra de Gilles Deleuze. Eu não tinha a menor idéia de quem fosse esse cara, só sabia que era alguém cabeçudo que inspirava discussões inflamadas e até "golpes de estado" virtuais, entre os que se digladiavam sobre sua obra.

Aquilo era demais pra mim. A compra do computador foi diretamente ligada à vontade de penetrar nesse mundo estranho do qual só ouvira falar. Mas o que havia na época, aqui no Brasil, era uma outra estrutura, bastante simpática: os BBS's (bulletin boad systems), pequenas comunidades geralmente restritas à cidade onde se situavam. Os 14,4 kbps do modem eram mais do que suficientes para trocar mensagens com outros camaradinhas e baixar alguns programas com o inovador conceito de shareware (inovador pelo menos pra mim, um leigo total nesses assuntos).

O BBS que eu freqüentava, alguns meses depois, finalmente começou a explorar o acesso à internet, que engatinhava no país. Que eu me lembre, o único jornal online era uma edição bem pobrezinha do Jornal do Brasil. O técnico foi à minha casa instalar o Trumpet Winsock e aquele que se tornou a minha janela para o mundo virtual durante muito tempo: o Netscape Navigator (versão 1.2).

Eu sei que é idiota confessar isso, mas eu nunca, nunca esqueci o frêmito de excitação e prazer que senti quando pela primeira vez, conectado à net, eu vi o clássico ícone com a letra "N" mover-se, simulando uma chuva de meteoritos.

War!

O resto da história é bem conhecido. A Microsoft colocou os pés pelas mãos com a primeira versão do Windows 95, que praticamente ignorava a importância da nascente world wide web "de massas". Eu comprei uma caixinha azul daquelas, achando que estaria totalmente preparado para navegar, e só depois fui saber que eu tinha que comprar um outro pacote (o Plus!, alguém lembra dele?) pra ganhar um navegador mixuruca que era apenas uma cópia do defasado Mosaic.

Ah, é? Então f***-se, fico com meu querido Netscape mesmo. Passei incólume pela "guerra dos browsers", firme e forte com a janelinha da letra N balançante. Mas o fato é que o tio Bill aprendeu, lutou com todas as suas armas e ganhou a guerra. Quando saiu a versão 5.0 do Internet Explorer eu entreguei os pontos: era um ótimo programa, bem levinho, e realmente mais avançado que o Netscape Communicator 4.0 (apesar de este nunca ter deixado de ser mais elegante, mais fácil e mais prático de usar).

A Netscape Corporation estava morrendo por asfixia, mas antes de seu estertor ainda teve um belo canto de cisne: abriu o código-fonte de sua jóia da coroa, e chamou a comunidade do software livre para tentar fazer seu navegador voltar aos dias de glória. Um longo caminho, que começou lento e atrapalhado...

Um dinossauro na sala de jantar

O nome da criança que nasceu me pareceu muito tosco: Mozilla (isso lá é nome de programa?). Os primeiros releases pareciam mais destinados a tornar o sistema uma tartaruga do que propriamente navegar pela web. Triste fim de uma boa idéia, eu pensava.

Hoje sabemos que não era bem assim. Depois de muitos atrasos, o Mozilla se tornou um projeto viável, e hoje vemos um autêntico e honesto hype em torno do Firefox, a mais bem acabada cria dessa comunidade.

Por uma peculiaridade de nascimento, o projeto Mozilla ficou umbilicalmente ligado à falida Netscape (que depois foi comprada pela America Online). A licença de uso do programa (NPL) é diferente da licença de software livre padrão (a GPL; não me peça para explicar, ia dar muito trabalho). Com ela, a AOL continua tendo a liberdade de usar as criações da comunidade em programas de código fechado e com finalidades comerciais. Foi um preço a pagar para o projeto ir adiante. De qualquer forma, mesmo que a empresa rompesse o acordo (e ela tem o direito legal de fazê-lo), as criações do Mozilla ainda continuariam livres e abertas para quem quiser colaborar.

As primeiras versões do Netscape nesse esquema tinham muitas falhas e eram bem pesadas. Não me entusiasmei pelos Netscapes 6 e 7, e não só eu: pouquíssima gente os utiliza, e a maioria, imagino, está entre os clientes do provedor e portal homônimos.

Mas o lançamento do Firefox e sua rápida disseminação não podiam passar despercebidos. Há poucas semanas a AOL anunciou que criaria uma versão do velho navegador baseada no perfil esbelto, enxuto e amigável da raposa de fogo. O protótipo da referida versão já está disponível para um seleto grupo de testadores registrados na empresa.

O impossível aconteceu

Barra de tarefas do novo Netscape

É aí que a porca torce o rabo. O futuro Netscape 8 mantém muitas das características vencedoras do Firefox, mas tem pendurados em sua confusa interface um monte de badulaques comerciais voltados aos clientes da empresa. Previsão do tempo, notícias sobre finanças, um monte de canais pré-configurados, etc: coisas que talvez interessem a uma pequena minoria dos que querem apenas um bom navegador para ver sites.

O ótimo blog MozillaZine fez uma análise inicial da nova versão, e revelou em detalhes a principal novidade, que eu considero um crime contra a história da web: o programa agora permite substituir o "motor" Gecko, coração do projeto Mozilla, pelo Trident, motor do (respire fundo) Microsoft Internet Explorer.

O Gecko é o responsável pela "renderização" do Mozilla / Firefox, ou seja, a arrumação dos elementos da página web (texto, links, imagens, bordas, scripts, etc). É um software obediente aos padrões, aos códigos abertos com os quais a web nasceu. Como é multiplataforma, permite a visualização da página exatamente do mesmo jeito, tanto no Windows como no Linux ou no MacOS da Apple.

Já o Internet Explorer... bem, eu já disse em outro post por que a Microsoft é uma influência nefasta para a internet. O situação atual é simples: a AOL, dona do Netscape, está fazendo o pior inimigo de seu velho navegador se alojar em suas próprias entranhas.

Você consegue imaginar, por exemplo, a Alemanha derrotada em 1945 adotando a Marselhesa ou o Star Spangled Banner como hino nacional? É mais ou menos isso que está acontecendo. Numa analogia rápida, podemos comparar à estratégia absurda do Partido Democrata norte-americano, que após perder de lavada para Bush, analisa a idéia de se tornar ainda mais parecido com seu adversário (conforme bem analisou o Nemo Nox).

O que temos então é um Netscape onde bate um coração made by Microsoft. Embora não seja a configuração padrão, não é uma previsão irreal imaginar que muitos usuários acomodados prefiram ver os sites "bonitinhos", tais como foram criados por webmasters preguiçosos que não conhecem outro navegador que não o Internet Explorer.

Uma das "novidades" do Netscape 8 é um recurso do IE: os "modos de segurança", e adivinhem qual o único renderizador disponível para o modo "baixa segurança"? Ganha uma cópia pirata do MS-DOS quem acertar. Como fuzilou o autor do artigo do MozillaZine: "the idea of Security Modes is laughable: Netscape Browser should always be secure. The decision to offer Internet Explorer's Trident as an alternative rendering engine, while pragmatic, is an insult to the heritage of Netscape and may set the cause of standart evangelisms back years".

Conclusão óbvia: o Netscape morreu. Essa decisão absurda, a se confirmar, retira toda a mística do velho navegador, e enterra sua marca de vez. O Firefox e demais criações do projeto Mozilla surgem, olímpicos, como a única alternativa para quem não quer ver a web como propriedade de uma só empresa.

Outras opções

Sim, eu sei que existem ótimos navegadores além do IE e do Firefox. O Safari é também um programa moderno, cheio de recursos e obediente aos padrões web. Baseado no Konqueror (para Linux), tem apenas uma "falha": é uma criação da Apple exclusiva para os usuários do Macintosh.

O Opera também se mostra um programa robusto e, como o Firefox, é multiplataforma. A sua "falha" é outra: não é gratuito, mas adware. Se você não quiser um banner permanente de propaganda enfeiando a interface, tem que pagar uma licença.

Já o Maxthon... são risíveis os seus defensores, se é que alguém se importa com eles. Ele adiciona uma série de valiosos recursos ao IE, mas continua umbilicalmente ligado ao navegador da Microsoft, com todas as suas falhas de segurança e interpretações tortas dos códigos da web. É apenas uma pele de anjinho que recobre o Leviatã. É risível ver que um monte de recursos necessários e até indispensáveis a uma boa navegação (bloqueio de scripts maliciosos, por exemplo) são oferecidos por uma empresa minúscula, enquanto as centenas de talentosos programadores da Microsoft não parecem ter sido utilizados para adicionar esses mesmos recursos ao navegador "oficial".

Entendam: o Mozilla não é apenas um projeto de engenharia de software. É um projeto político, também. Os programas acima citados podem ser ótimos, mas se não houver uma adesão maciça a eles (e não há, e não haverá), fica intocado o poder da Microsoft de determinar de que forma nós vamos nos relacionar com a web. Uma das crias bastardas disso é o constrangedor recurso do Opera, que permite fazê-lo se "disfarçar" de IE, para entrar em sites onde o webmaster obriga que se use o programa da Microsoft.

É por isso que a comunidade Mozilla não se mexe apenas para criar bons programas, mas também para disseminá-los entre milhões de usuários. É isso que motiva, por exemplo, uma idéia meio tola, as MozParties, festinhas de geeks capazes de ir a um barzinho ou a uma boate apenas para comemorar o lançamento de um programa de computador!

É por isso que eu uso o Firefox. Eu quero ajudar a redescobrir a internet.

O Netscape morreu. Rei morto, rei posto. Nem uma lágrima será derramada pelo mais sensível dos geeks...

por Marcus Pessoa, às 16:50 -

8 de dezembro de 2004

Ouvindo o trovador

Sorry Everybody

Help Save the Youth of America
(Billy Bragg)

Help save the youth of America
Help save them from themselves
Help save the sun-tanned surfer boys
And the Californian girls

When the lights go out in the rest of the World
What do our cousins say
They're playing in the sun and having fun, fun, fun
Till Daddy takes the gun away

From the Big Church to the Big River
And out to the Shining Sea
This is the Land of Opportunity
And there's a Monkey Trial on TV

A nation with their freezers full
Are dancing in their seats
While outside another nation
Is sleeping in the streets

Don't tell me the old, old story
Tell me the truth this time
Is the Man in the Mask or the Indian
An enemy or a friend of mine

Help save the youth of America
Help save the youth of the world
Help save the boys in uniform
Their mothers and their faithful girls

Listen to the voice of the soldier
Down in the killing zone
Talking about the cost of living
And the price of bringing him home

They're already shipping the body bags
Down by the Rio Grande
But you can fight for democracy at home
And not in some foreign land

And the fate of the great United States
Is entwined in the fate of us all
And the incident at Tschernobyl proves
The world we live in is very small

And the cities of Europe have burned before
And they may yet burn again
And if they do I hope you understand
That Washington will burn with them
Omaha will burn with them
Los Alamos will burn with them

por Marcus Pessoa, às 16:07 -

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