Velho do Farol

Porque sim.

Velho do Farol

18 de novembro de 2004

A internet vista com novos olhos



Agora é pra valer. Depois de várias versões de teste, foi lançada hoje a versão 1.0 (final) em português do Firefox, uma alternativa leve, rápida e segura ao Internet Explorer.

Cerca de 20% dos visitantes do Velho do Farol já usam alguma versão do Firefox ou de seus navegadores-irmãos, Mozilla e Netscape. Se você é um deles, pode baixar agora a versão 1.0 final. Se não o conhece, saiba por que ele é a melhor opção para navegar na internet.

Monopólio nocivo

Mais de 90% dos usuários da internet usam o Internet Explorer, navegador da Microsoft que já vem instalado no Windows. Isso foi resultado de uma política agressiva da empresa contra o Netscape Navigator, que era o preferido na época do primeiro boom da internet, em 1995.

O Netscape, além de concorrer com um programa que já vinha no sistema operacional, ficou, lá pelos idos de 1998, para trás em relação à qualidade. O resultado foi que a Microsoft "ganhou a guerra", mas sentou sobre os louros da vitória: desde então, o IE pouco evoluiu, tanto na interface quanto em agregar novos recursos que surgiram na rede.

A versão atual do programa (6.0 SP-1) não é muito diferente, na essência, da versão 4.0, lançada há longos seis anos. E tudo indica que vai continuar assim: a Microsoft desmontou a equipe de desenvolvimento do navegador, que só será atualizado quando for lançada a nova versão do Windows, codinome Longhorn... que só verá a luz entre 2005 e 2007...

O principal problema é a segurança: o IE é um queijo suíço, não só porque tem falhas gravíssimas que podem ser aproveitadas por hackers, como também porque usa tecnologias intrinsecamente inseguras como ActiveX e VBScript, exclusivas da Microsoft.

Mesmo que isso seja grego pra você, qualquer um que não tem muito conhecimento em informática e usa o computador "apenas para navegar" já passou pela situação de pegar vírus apenas por entrar em certas páginas, ou então instalar sem querer programas que mudam a página inicial e colocam barras de ferramentas não solicitadas. Provavelmente já visitou sites que abrem milhões de janelas não desejadas, que mesmo se forem fechadas abrem de novo, tornando impossível a navegação... isso é culpa do Internet Explorer, não da rede em si.

Outra praga são os sites "feitos apenas para IE". A "língua franca" da internet (o HTML) tem padrões que permitem que uma página seja vista corretamente por qualquer navegador. Mas a Microsoft criou códigos que só são visualizados no IE, viciando as pessoas num monopólio que só interessa a ela mesma. A internet desde seu nascimento foi criada com padrões abertos, mas a Microsoft trata a rede como se fosse propriedade sua.

Isso tudo pode acabar, se os usuários não se contentarem com pouco e abraçarem alternativas a esse navegador inseguro, antiquado e de parcos recursos. O Firefox é uma realização da Fundação Mozilla, apoiada pela Netscape e várias empresas importantes, e que pretende resgatar o espírito original da internet, sem monopólios, com padrões abertos, e torná-la um lugar menos inóspito para navegar. É urgente redescobrir a internet, vê-la com novos olhos, e o Firefox tem todas as credenciais para isso.

Por que usar o Firefox (ou, coisas que o IE não faz por você)

Navegação em abas: o Firefox maximiza a experiência de navegar, através do recurso das abas. Em vez de abrir várias janelas do navegador, simplesmente abra várias páginas na mesma janela. A barra de abas permite um acesso fácil e rápido a qualquer das páginas carregadas, com apenas um clique. Eu, por exemplo, gosto de ficar lendo uma página enquanto outras são baixadas em segundo plano (bastando pressionar a tecla Ctrl ao clicar no link).

Bloqueador de janelas "pop-up": impeça que sites mal-comportados abram dezenas de janelas na sua frente, bloqueando sua navegação. O Firefox só deixa abrir janelas nos sites que você confia e autoriza. Também impede outras "traquinagens" de alguns sites, como mover e redimensionar janelas à vontade, desativar o clique com o botão direito de mouse, e modificar o texto da barra de status. Para bloquear pop-ups no IE, são necessários programas externos, ou uma atualização de dezenas de megabytes que só funciona no Windows XP...

Temas: personalize a aparência do programa, usando os temas, que permitem modificar qualquer coisa: cores, ícones, estilos de barras e caixas de diálogos... enfim, faça o Firefox ter a sua cara. Vários artistas estão sempre criando novos temas, e o site Mozilla Update permite escolher entre as várias opções. Eu uso o tema Phoenity, com ícones leves e funcionais, mas existem vários bem populares, como o GrayModern e o Noia Lite.

Extensões: o Firefox é um programa leve e com muitos recursos... mas não é suficiente? Quer alguma funcionalidade a mais? Então instale extensões, programinhas integrados ao navegador para desenvolver as mais variadas tarefas. Quer eliminar os banners chatos de propaganda? AdBlock. Redirecionar os cliques em endereços de e-mail para um webmail? WebMail Compose. Controlar o tocador de MP3 sem tirar os olhos da navegação? FoxyTunes, que adiciona simpáticos botões na barra de status. Todos esses recursos e dezenas de outros mais também podem ser encontrados na seção própria do Mozilla Update.

Suporte a RSS: o tecnologia RSS é uma forma moderna de se manter atualizado sobre o que sai publicado em seus sites e blogs preferidos. Ao invés de visitar manualmente cada site, apenas "assine" o "índice" (feed) de notícias do site, e saiba rapidamente das novidades. A Folha Online e a Agência Estado já aderiram à novidade, e o Firefox tem o exclusivo recurso LiveBookmarks ("favoritos dinâmicos" na tradução), que permite assinar o feed através de um prático ícone na própria barra de status. A extensão LiveLines conecta esse ícone ao Bloglines, o melhor serviço de leitura de feeds via web.

O Firefox já teve mais de quatro milhões e meio de downloads em menos de dez dias, e a comunidade de apoiadores já arrecadou 250 mil dólares para publicar anúncios de página inteira no New York Times, anunciando para o grande público a novidade. Tudo indica que a "monocultura" na web está com os dias contados...

por Marcus Pessoa, às 21:36 -

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