9 de outubro de 2005
Por ele mesmo
"as pessoas vêm me procurar, ficam falando, torrando a paciência: os futuros rabinos, os revolucionários com seus fuzis, o FBI, as puras, as poetisas, os jovens poetas da Estadual da Califórnia, um profe de Loyola a caminho de Michigan, outro da Universidade da Cal. em Berkeley, um terceiro que mora em Riverside, 3 ou 4 rapazes com o pé na estrada, simples vagabundos com livros de Bukowski armazenados no crânio... houve tempo em que achei que essa turma toda ia invadir e acabar com a minha bela e preciosa vidinha, mas depois vi que tenho uma sorte danada, pois cada homem ou mulher me trouxe e deixou muita coisa, e não preciso mais me sentir que nem Jaffers, protegido por um muro de pedra, e também posso me considerar felizardo, porque a pouca fama que tenho é em grande parte secreta e tranqüila, e dificilmente virei a ser um Henry Miller com gente acampada no gramado em frente de casa; os deuses foram generosos comigo, me deixaram vivo e inteiro, sempre ativo, anotando tudo, observando, sentindo a bondade das pessoas decentes, sentindo o milagre correndo pelo braço acima feito rato maluco, uma vida dessas, a mim concedida na idade de 48 anos, mesmo que o dia de amanhã seja uma icógnita, é o mais doce dos sonhos possíveis".Charles Bukowski
Fabulário Geral do Delíro Cotidiano, L&PM, p. 139
Tradução de Milton Persson
por Marcus Pessoa, às 06:08 -
5 de outubro de 2005
Clap your hands and say yeah!
Só sustenta essas patacoadas do tipo "o rock morreu" ou "antigamente era melhor" quem não estica a cabeça e olha um pouco ao redor do que está acontecendo além das rádios e MTVs da vida.Clap Your Hands Say Yeah é uma das bandas mais deliciosas surgidas nos últimos tempos, e seu homônimo disco de estréia um dos melhores do ano.
Têm um leve parentesco com o Arcade Fire nessa mistura entre elétrico e acústico, vocais apaixonados e no fato de seus integrantes serem multiinstrumentistas doidões. Mas, enquanto os canadenses têm uma ou outra música chatinha lá pelo meio, o disco desses novaiorquinos é bom do início ao fim.
A letra da música abaixo foi tirada de ouvido e deve ter uns virunduns pelo meio (a dicção do vocalista é uma coidiloco). Clique para ouvir.
The Skin of My Yellow Country
Clap Your Hands Say Yeah (mirror)
Once these dogs have quit their barking
Some neighbor said to me
The emptiness is talking blue the same old shit
I do no more than talking
Haunted by parts I just can't see
Anymore, anymore
Well let me tell you
I never meant to let go of this headhunter
Grin in my sick country skin
To my yellow country teeth
To my yellow country teeth
Far away from West Virginia
I'll try on New York City
Explaining that the sky holds the wind
The sun rushes in
The showers they shower
The sugar holds the bees that sting
Oh this world could use a little sting
All right!
Who will get me to a party?
Who do I have yet to meet?
You look a bit like coffee
And you taste a little like tea
How can I keep me from moving?
I need a change of scenery
Just listen to me
I won't pretend to understand
The movement of the wind
Or the waves of the ocean
I just know they're always
I change softly
Slowly, plainly, kindly, hold me
por Marcus Pessoa, às 19:39 -