9 de outubro de 2005
Por ele mesmo
"as pessoas vêm me procurar, ficam falando, torrando a paciência: os futuros rabinos, os revolucionários com seus fuzis, o FBI, as puras, as poetisas, os jovens poetas da Estadual da Califórnia, um profe de Loyola a caminho de Michigan, outro da Universidade da Cal. em Berkeley, um terceiro que mora em Riverside, 3 ou 4 rapazes com o pé na estrada, simples vagabundos com livros de Bukowski armazenados no crânio... houve tempo em que achei que essa turma toda ia invadir e acabar com a minha bela e preciosa vidinha, mas depois vi que tenho uma sorte danada, pois cada homem ou mulher me trouxe e deixou muita coisa, e não preciso mais me sentir que nem Jaffers, protegido por um muro de pedra, e também posso me considerar felizardo, porque a pouca fama que tenho é em grande parte secreta e tranqüila, e dificilmente virei a ser um Henry Miller com gente acampada no gramado em frente de casa; os deuses foram generosos comigo, me deixaram vivo e inteiro, sempre ativo, anotando tudo, observando, sentindo a bondade das pessoas decentes, sentindo o milagre correndo pelo braço acima feito rato maluco, uma vida dessas, a mim concedida na idade de 48 anos, mesmo que o dia de amanhã seja uma icógnita, é o mais doce dos sonhos possíveis".Charles Bukowski
Fabulário Geral do Delíro Cotidiano, L&PM, p. 139
Tradução de Milton Persson
por Marcus Pessoa, às 06:08 -