Velho do Farol

Porque sim.

Velho do Farol

8 de fevereiro de 2006

Pop bastardo para as massas

O Grammy sempre foi a coisa mais chata da face da Terra, mas a abertura desse ano foi de cair o queixo, com o encontro entre Gorillaz e Madonna.

O show não foi menos que sensacional. Os Gorillaz (que estavam tocando ao vivo sim) pareciam, sei lá, hologramas de computação gráfica, interagindo com a cantora e com o De La Soul, banda de hip hop que participa da melhor faixa de seu último disco (Feel Good Inc). No meio da levadinha de violão que é o maior charme dessa música, surge a deusa, cantando os primeiros versos de Hung Up.

Mal pude acreditar no que estava ouvindo. Duas das maiores estrelas da música pop fazendo um smash-up mash-up ao vivo, como que legitimando a tendência do bastard pop, hoje restrita ao underground por ignorar sem cerimônias os direitos autorais.

O show solo da cantora não foi diferente de suas apresentações no Europe Music Awards, em Lisboa, ou no pocket show do Koko's Club, em Londres -- ou seja, ótimo.

Assim que o vídeo da apresentação estiver disponível na net (o que acontecerá quase na velocidade do pensamento), posto o link aqui.

Update: revi o show no videocassete e percebi o truque. O encontro foi apenas "virtual", mas ainda assim muito bacana.

Update essencial: o vídeo já está disponível no final do post. Enjoy!


Outros updates: Adriane Galisteu e João Marcelo Bôscoli são aparentemente as pessoas mais sem noção do planeta, fazendo comentários idiotas durante os números musicais. Nessas horas dá vontade de ter TV por assinatura -- não, pensando bem, eu não quero ficar entubado na Matrix.

O Coldplay mostrou mais uma vez que é uma fraude, e Chris Martin o maior mala sem alça do rock -- em que pese Talk ser até bonitinha, pela presença de um riff clássico do Kraftwerk.

O U2 apresentou sua pior faixa de trabalho desde sempre (a chatíssima Vertigo) e emendou com One, aquela que The Edge confessou que fez em cinco minutos. Pop vagabundinho da pior espécie, e chamaram uma cantora lá pra demonstrar que Bono não canta nada.

Paul McCartney fez um grande show, tocando primeiro uma das faixas de seu (bom) último disco e depois Helter Skelter, para surpresa de todos. O rock apareceu naquele palco pela primeira vez na noite.

Que coisa tosca a homenagem a Sly and the Family Stone! Bôscoli fez seu único comentário inteligente da noite, dizendo que parecia "concurso pra ver quem improvisava mais". De fato, lembrava um show de calouros, um monte de gente fazendo fila pra participar de um pout-pourri das músicas da lendária banda.

Até que Joss Stone e o negão dos Black Eyed Peas conseguiram se destacar um pouco, mas tudo empalideceu quando Sly Stone em pessoa apareceu com um topete moicano loiro gigantesco (!). Sei não, acho que com esse topete ele não precisava nem cantar e tocar pra roubar o show...

O segundo smash-up mash-up da noite foi uma grande surpresa. O que parecia apenas uma apresentação normal de Linkin Park e Jay Z evoluiu para uma performance política, com raps e vídeos lembrando a luta dos direitos civis (a imagem de Rosa Parks fechou a apresentação). Aí eu começo a ouvir um samplezinho conhecido no fundo, e Paul McCartney volta ao palco, de surpresa, para cantar Yesterday junto com os anfitriões! Bacana.

Agora está o Bruce Springsteen interpretando uma bela música de seu último disco, apenas no violão e gaita. Mas eu tenho que ir dormir. E não falei dos quilos de cafonália que eu tive que aturar pra ver um ou outro que prestasse. Ver programas sem noção faz de Marcus um bobão.



Gorillaz & Madonna - Grammy 2006

O vídeo acima (18 MB) está com uma qualidade de imagem assim-assim, mas dá pra ver. Já está rolando na net um arquivo de alta resolução (136 MB), mas eu ainda não tenho o link. Assim que souber de alguma coisa, farei um novo update.

por Marcus Pessoa, às 22:28 -

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