Velho do Farol

Porque sim.

Velho do Farol

14 de maio de 2007

Pós-punk safra 2007

Em uma cena de Notas sobre um Escândalo, Steven, o amante adolescente de Sheba (Cate Blanchett), pega uma cópia em vinil do Kaleidoscope, de Siouxsie and the Banshees, e pergunta, "é bom?"

Sheba responde: "é uma obra prima. Não te ensinam essas coisas?"

E eu fico pensando que aqueles que testemunharam a última revolução do rock (o pós-punk) já estão nos quarenta ou quase. E fico tentado a concordar com o Gaspar Noé, que o tempo destrói tudo. Depois fico achando a frase idiota, e que quem destrói tudo somos nós. E depois volto a pensar no quanto é reconfortante essa coisa de que havia um paraíso e nós o perdemos. Porque pelo menos existiu um paraíso algum dia. E não faz a menor diferença que isso não seja verdade.

InterpolEditors

Steven e seus coleguinhas, é claro, não sabem nada a respeito, mas talvez nem precisem. Vivem numa década onde a melancolia ácida daqueles tempos está sendo revisitada por uma nova geração de bandas de rock. O mundo está numa deprê coletiva, e pra mim quem melhor expressa esse zeitgeist são o Interpol e os Editors, cujos discos novos estão pra ser lançados, quase ao mesmo tempo.

A julgar pela primeira música de trabalho de cada um, os ingleses levaram a melhor. A faixa do Interpol é forte mas tem um certo sabor de autoplágio. Já os Editors compuseram uma obra prima de romantismo como nunca tinham feito antes; um crescendo magnífico que te deixa num estado bobo de contentamento.

Julguem por vocês mesmos.

The Heinrich Maneuver
(Interpol)

Smokers Outside the Hospital Doors
(Editors)

por Marcus Pessoa, às 07:12 -

Voltar para a página inicial