Velho do Farol

Porque sim.

Velho do Farol

9 de junho de 2007

Cinema novíssimo

P. estava demorando. Tínhamos que pegar o computador da mãe dele no conserto, mas ele estava na locadora ao lado escolhendo filmes. Fui lá apressar.

Cenário de puro tédio. P. ia de prateleira em prateleira desanimado. Pegava uma capa de DVD, lia sem muito interesse e colocava de novo no lugar. Eu dizia "pega esse", e ele "já vi". "E esse?". "Também".

Finalmente conseguimos escolher e fomos embora. E eu fiquei me lembrando de mim mesmo, há uns tempos atrás, fazendo a mesma coisa, entediado, sem saber o que levar pra casa. Tempos que não voltam mais.

Comprei há alguns meses um aparelho de DVD que lê arquivos nos formatos DivX / XviD, que armazenam com boa qualidade um filme de longa metragem num mísero CD de 700 megabytes. E desde então tornou-se rotina pra mim ver, todos os dias, filmes novos que demorarão bastante pra chegar no deficiente mercado brasileiro, ou mesmo clássicos que nunca apareceram em DVD por aqui.

O filme demora poucas horas pra ser baixado na internet, e depois eu o gravo num CD ou DVD-RW, junto com um pequeno arquivo de texto com as legendas, e vejo no televisor da sala.

A Guide to Recognizing Your Saints

Pirataria? Acho discutível usar este termo. Se eu quisesse ver pelas vias normais o belo Guide to Recognizing Your Saints (foto), eu não poderia, porque ele não foi lançado no Brasil e nem tem previsão.

Eu até poderia gastar uns cem reais (incluindo frete e impostos) para trazê-lo dos EUA, mas, sem legendas em português, minha mãe e meu irmão caçula, que não lêem em outras línguas, não poderiam aproveitar tão caro presente. Já o meu ótimo arquivo baixado na internet tem legendas traduzidas gratuitamente pelos santos do Legendas.tv.

Já não sinto mais tédio. Há uma filmoteca inteira ao alcance das minhas teclas. A Tina me indicou há algum tempo um filme antigo do Louis Malle, Le Souffle au Coeur, e no dia seguinte eu o estava vendo aqui. Esta obra prima nunca saiu em DVD no Brasil.

Tenho feito algumas seqüências exploratórias. Meu xodó recente é o cinema alemão. Vi a adaptação de O Jovem Törless, tão boa que me deu vontade de reler o romance de Robert Musil, já visitado na juventude sem a devida atenção.

Ir a uma sala de cinema é muito raro, pois cada vez mais os cinemas de Belém só passam os blockbusters da vez, sem espaço para algo diferente. O Renmero falou sobre isso neste post.

De qualquer forma, não tenho feito outra coisa no meu tempo livre além de ver filmes. É capaz disso aqui virar um blog de resenhas de cinema. Não se espantem se o Velho do Farol estiver sempre ocupado na frente da TV e não estiver nem aí para os navios que estão passando ao largo.

por Marcus Pessoa, às 10:26 -

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