22 de abril de 2005
Falando no papa...
...os Malvados
(via Seresteros)
por Marcus Pessoa, às 12:26 -
Potência wannabe
A Leila citou as palavras de um desolado colega equatoriano a respeito da crise no Equador. E eu gostaria de chamar a atenção para um aspecto da decisão do Brasil em conceder asilo ao presidente deposto, Lucio Gutiérrez.Apesar de correta do ponto de vista legal, a decisão enfureceu os manifestantes contrários ao ex-presidente, que cercaram a embaixada brasileira (onde ele e sua família estão abrigados) para exigir sua entrega às autoridades.
Não sou contrário a uma maior agressividade na política externa do governo. Acho a maioria das críticas a ela pueris, pois, apesar das limitações, tem dado resultados. Não tenho dúvidas de que a pressão do Brasil foi fundamental para Hugo Chávez aceitar o referendo sobre sua permanência no poder, e que uma recusa poderia levar a Venezuela a uma guerra civil.
Mas acho que há alguns exageros, e não entendi até hoje essa obsessão por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Nunca me explicaram direito, afinal, por que o Brasil precisa desse posto.
O que eu lembro de ter lido (e infelizmente não recordo quem escreveu) foi uma reflexão até certo ponto ingênua, mas válida, tipo: "os membros permanentes do conselho são aqueles países que todo mundo odeia, que têm suas bandeiras queimadas em praças públicas, e que sofrem atentados terroristas. É isso que o Brasil quer para si?"
À luz do que acontece em Quito, é coisa pra se pensar. Os manifestantes que cercam a embaixada portam cartazes com dizeres como: "que vergonha Brasil, dar asilo a um criminoso". As paredes do prédio foram pichadas e tomates podres jogados pra dentro. Apareceu até uma bandeira brasileira riscada com um X.
A decisão, repito, foi correta. Mas essa ânsia de protagonismo do atual governo, essas fumaças de potência wannabe, só tendem a aumentar as suspeitas dos vizinhos a respeito de um "imperialismo regional".
Muitos haitianos estão impacientes com a situação de caos que se arrasta no país, e podem enxergar o Brasil como responsável por isso. A Colômbia desconfia das intenções de Lula. Um clima de antipatia geral pode se instalar, e então eu pergunto: é isso que o Brasil quer para si?
por Marcus Pessoa, às 04:19 -
Erro
Crie sua própria mensagem de erro personalizada para o Windows...
(piada imprópria para menores de 30)
por Marcus Pessoa, às 00:54 -
21 de abril de 2005
Amizades virtuais e reais
Tenho uma grande amiga que mora em Barcelona. Chama-se Clara, é antropóloga e ficou alguns anos fazendo pesquisa aqui na Amazônia, antes de voltar pra sua cidade natal.Quando viajei à Espanha, há algum tempo, fazia já quatro anos que não nos falávamos a não ser por cartas bem esporádicas. Ela veio me buscar no hotel e fomos pra uma daquelas lindas pracinhas medievais tomar umas "copas". Em meia hora de papo, parecia que tínhamos nos visto na véspera, e não anos antes.
Nas amizades sólidas a afinidade resiste ao tempo. Por isso elas acontecem mais a partir da idade adulta, quando a personalidade está formada. Quantas vezes já não nos aconteceu de encontrar com amigos da adolescência e constatar que não existia mais afinidade, que todos estavam "mudados"?
Estou vivendo atualmente uma situação estranha. Faço parte há uns oito anos de um grupo de discussão de cinema, que começou ainda no tempo em que o uol.artes.cinema era acessível através de leitores de newsgroups (ou "grupos de notícias", na péssima tradução do Outlook Express). Com um leitor de news é muito mais fácil acompanhar as discussões, e aqueles que realmente gostam de trocar idéias acabam participando mais. Forma-se uma panelinha.
Pois agora, depois de todos esses anos, estou deixando o grupo. O tempo que eu gastava nele não estava compensando, havia muitas discussões inúteis, o grupo não se renovou depois que deixou o UOL, etc.
O interessante é que nunca conheci pessoalmente nenhum dos integrantes. Mas posso considerar vários deles como amigos, pois há afinidade tanto de gostos quanto de opiniões. Já conversamos sobre problemas cotidianos, mágoas, dores de amor, sobre nossos empregos, sobre política, ética, etc. Oito anos é muita coisa, né? Mas não sei se a ponto de ser igualzinho a uma amizade "real".
Não sou de trocar e-mails pessoais com meus amigos, a não ser que haja um motivo claro. Quase não uso MSN, ICQ, essas coisas, que me distraem do que estou fazendo. O newsgroup era o espaço por excelência pra essa prosa boa, mas existia gente lá que eu não gostava, e abobrinhas demais pra aturar.
Se fossem amigos em "carne e osso" eu ficaria tranqüilo, assim como sei que, quando voltar a Barcelona, minha amizade com Clara não terá se modificado. Mas eu fico pensando: será que apenas as mensagens trocadas geram calor, geram afeto suficiente que resista a um contato mais esporádico? Será que eles gostam o suficiente de blogs pra vir ler e comentar aqui? Tenho algo a dizer pra eles além do que conversávamos no grupo? Não sei.
Em minha panelinha atual (os blogueiros com quem troco idéias) já houve demonstrações de afeto e preocupação com o outro; já fiz vários amigos aqui. Mas é diferente, são vários os "centros", ninguém precisa perder o contato com ninguém. A amizade não vai ser testada a esse nível.
Mas, e se um dia for? Os fios de cobre também transmitem calor humano, além de eletricidade? Não sei. Não sei se ligo o MSN e paro de pensar nessas coisas. Eu só não queria adicionar mais personagens à galeria de gente boa que conheci e que não sei mais onde estão.
por Marcus Pessoa, às 16:31 -
Duas citações
Eu ia escrever mais um artigo sobre o papa, mas cansei! Me deu um desânimo ler o que se escreveu sobre o assunto na blogolândia. Nesse mundinho imaginário acontece um fenômeno curioso: todo mundo quer se fazer de inteligente e pra isso é obrigatório ir contra a opinião majoritária do mundo real.Se Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra, a batida frase já se tornou unânime entre os sabichões, que se mostram assim mais burros que a massa ignara.
E dá-lhe falácias de que "os princípios da Igreja são imutáveis", "quem não concorda com o papa não é um bom católico" e etc, repetidos tanto pela direita conservadora quanto por ateístas radicais, unidos no assédio moral a quem simplesmente torce por uma Igreja melhor.
O mundo dos sonhos da direita cristã é um onde todos sejam cristãos. O dos ateístas radicais é um onde as igrejas não existam. Já as pessoas normais sabem que isso são quimeras, e a maioria delas se contentaria com uma coexistência pacífica entre os vários credos e entre os ateus e agnósticos também. Esse é o meu mundo dos sonhos, e não me incomodo nem um pouco de estar do lado da maioria.
Pra fechar o assunto, dois copy + paste. A Zel, num post iluminado, e tendo tantas dúvidas sobre afinal de qual religião é, explicou como faz pra se definir:
"Adotei ultimamente uma estratégia: se o perguntante for católico, digo que sou atéia; se for evangélico, que sou católica; se for ateu, que sou mística; se for budista eu não falo nada e saio correndo".
E uma piadinha com o cardeal Ratzinger, publicada no ótimo blog português Barnabé:
"Estamos num colóquio ecuménico. O representante budista vai até ao palanque e fala acerca do karma, do nirvana e alayavijnana. Os circunstantes ouvem com atenção e dizem: uau, que fixe, que interessante! Se isso funciona contigo, óptimo.
Depois vem o hindu. Faz uma breve resenha dos seus milhares de deuses, incluindo shiva e agni, lakshmi e ganesh. A plateia aplaude. Uau, que porreiro, que espectáculo. Se funciona contigo, tudo bem.
E o colóquio continua assim a tarde inteira. Vem o judeu com moisés, o muçulmano com maomé, vários animistas com animações (em powerpoint), espíritas, mormones e zoroastrianos. E o público reage sempre da mesma forma simpática.
Nesse momento, levanta-se Joseph Ratzinger. Fala um pouco sobre deus-uno e deus-trino, distinguindo os atributos do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ainda tem tempo para tratar da Virgem Maria, dos Santos e dos Apóstolos. A plateia está rendida. Uau! Que... -- mas Ratzinger interrompe, furioso.
– Não é nada uau, seus cretinos! Não é "fixe", não é "óptimo", não é "se funciona contigo"! Isto é a verdade, o resto é tudo mentira, quem acredita nisto vai para o céu e quem acredita no resto vai parar ao inferno, perceberam finalmente?!
A plateia engole em seco. Ficou um pouco surpreendida com os decibéis e os perdigotos. A pouco e pouco ouvem-se os primeiros aplausos:
– Uau, que fixe, que óptimo. Eh pá, se isso funciona contigo, é o máximo".
por Marcus Pessoa, às 02:43 -
19 de abril de 2005
O papa inquisidor
Não sou católico, mas o fui até uma determinada fase da juventude, e continuo tendo uma ligação emocional com a Igreja. Moro na cidade sede da maior festa religiosa do mundo cristão (o Círio de Nazaré) e me enterneço com a fé do povo simples daqui.
Em momentos de sofrimento espiritual, entrar numa igreja e assistir a uma missa me deu um pouco de paz interior. Em uma dessas vezes, era uma "missa dos mortos", e a lembrança da pessoa incrível que era meu pai me fez derramar algumas lágrimas que eu tentei esconder. Um rapaz que eu não conhecia chegou perto de mim e disse apenas: "Jesus te ama", afastando-se em seguida.
Essa é uma coisa que eu gosto na Igreja Católica: a mensagem é compassiva, não impositiva. A missa é um tipo de longa canção entoada, um ritual de afirmação da fé sem os gritos e a ênfase caricata de outras religiões. Na homilia, não vejo padres falando de culpa, danação eterna, repreendendo os fiéis; os vejo se atendo ao principal da mensagem de Jesus -- o amor.
Estaria mentindo o católico que dissesse que os lindos rituais e o simbolismo marcante da Igreja não têm influência em sua fé. Eles criam um ambiente aconchegante para o exercício da crença. Por outro lado, são rituais antigos, que talvez não tenham se adaptado ao pisca-pisca alucinado de referências da pós-modernidade. Em parte por isso, as igrejas evangélicas e os setores da renovação carismática têm feito sucesso entre os jovens -- esses mesmos que não lêem livros, não passam dois minutos sem zapear na TV e escrevem axxim.
Exatamente pelo fato da Igreja Católica ter sido sempre ciosa do aspecto simbólico e "antiquado" de suas ações e rituais (o que justifica, em pleno século XXI, a notícia do novo papa ser dada por uma chaminé?), é que considero imperdoável a eleição de Joseph Ratzinger como novo papa.
Entendam, é muito fácil e banal dizer que Bento XVI é um "papa conservador". João Paulo II também era, mas tinha nuances -- todos temos. Ele reabilitou Galileu, desculpou-se por crimes da Igreja (massacre de índios, escravidão de negros, perseguição de judeus), rejeitou o criacionismo, e promoveu um diálogo inédito com as igrejas católicas ortodoxas, com o judaísmo e o islamismo. Eu não gostei nadinha da abulia em relação à epidemia de AIDS na África, mas admito que incentivar a camisinha significaria reescrever toda a doutrina da Igreja, o que não é tarefa para apenas um papa.
Com Bento XVI é diferente. Ele não é apenas conservador, mas o representante do lado mais intolerante da Igreja. Foi obra dele, mais do que de João Paulo, a perseguição sem tréguas à Teologia da Libertação, o que praticamente jogou fora o bebê junto com a água do banho. No afã de condenar o marxismo aplicado à religião, fortaleceu uma ultradireita raivosa que condena toda e qualquer ação da Igreja em favor dos mais pobres. Jesus disse que "nem só de pão vive o homem", o que não quer dizer que o homem não precise de pão -- ele precisa, tanto quanto da palavra de Deus.
Não seria errado comparar as igrejas a "empresas" que "vendem" dois produtos: amor e culpa. Bento XVI é o mercador da culpa e da condenação, como qualquer pastor neopentecostal raivoso. Sua homilia na missa de início do conclave é sintomática: cita diversas vezes a "vingança de Deus". Sai o Deus amoroso propagado por Jesus, volta o Deus vingativo e cruel do Antigo Testamento. Falar em uma "ditadura do relativismo", condenar a dúvida humana que "não reconhece nada como definitivo" é um violento ataque ao espírito iluminista, como pouco tem se visto. Uma volta à Contra-Reforma.
O que dizer de alguém que chefiou durante anos a Inquisição? Sim, pois como explicou Leonardo Boff (seu ex-aluno) numa entrevista à revista Caros Amigos, não existem diferenças substanciais entre os processos instaurados pela atual Congregação para a Doutrina da Fé e a perseguição do Santo Ofício -- a mesma presunção de culpa até prova em contrário, como disse o próprio Ratzinger: "o fato de convocarmos um teólogo aqui já é uma condenação implícita".
É irônico que, depois do primeiro papa que conviveu diretamente com judeus na juventude (tendo perdido vários amigos com a invasão alemã na Polônia), seja escolhido alguém que desfilou, mesmo inocentemente, nas fileiras da juventude hitlerista. Esse simbolismo é forte demais para ignorar.
Um inquisidor não serve para ser papa. Alguém que passou as últimas décadas perseguindo "hereges" não tem uma visão pastoral, não tem palavras amorosas o suficiente para encantar os fiéis. A intolerência não funciona contra o secularismo: pelo contrário, o secularismo é uma reação a ela.
Longe de defender que a Igreja tenha um papel preponderante na vida humana, acho, ao contrário, muito bom que o "rebanho" esteja deixando de ser rebanho e pensando por conta própria. Mas me deixa triste que a influência mais útil que a Igreja pode ter no mundo moderno -- a pregação do amor e da justiça -- fique em segundo plano em nome de uma ortodoxia que pensa o mundo cristão como um clubinho fechado onde todos dizem "amém". O mundo, queira a Igreja ou não, é muito mais do que isso.
por Marcus Pessoa, às 18:49 -
Posters de cinema na Polônia
A primeira vez que vi os incríveis posters poloneses de filmes americanos foi por puro acaso, navegando na net. No início não entendi: será que havia alguma reserva de mercado lá, que obrigava ao uso da "mão de obra" local? Eles destoam completamente do padrão anódino do mercado americano.
Depois é que descobri que a Polônia tem uma escola de artistas gráficos de renome mundial. Não são apenas cartazes de cinema, mas também de teatro, música e circo. Estes últimos foram objeto de uma exposição no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo) em novembro passado.
A explicação mais corrente (mencionada pelo Rodrigo, do Blog do Desenho) para tal fartura é a de que os artistas do país foram para as artes gráficas como forma de resistir às pressões do governo comunista, que queria uma arte engajada e próxima ao realismo socialista.
Mas existem outros que defendem, ao contrário, que foi o fato do circuito de cinema polonês ser estatal que propiciou a criação de cartazes que não são mero chamariz comercial. Há que se notar que após a queda do comunismo e a privatização do circuito de cinema, os cartazes "personalizados" praticamente deixaram de existir.
Independentemente da explicação, o fato é que a escola cartazista polonesa é um deslumbre, e passeou por quase todas os principais movimentos artísticos do século XX. Vários posters, como os exemplos acima, comentam visualmente algum aspecto do filme, e as sacadas são geniais.
Dezenas de exemplares podem ser vistas aqui. Vários outros sites vendem essas cópias, e as mais valiosas chegam a centenas de dólares! Mas vale, não é?
por Marcus Pessoa, às 04:21 -
17 de abril de 2005
Clica aí, tio
Alive(VHS or Beta)
Days we drive around
With Siamese rainin' down
And there's angels shooting stars
Cool summers pourin' down
Washin' green across the town
And we follow long its trail
We run around and trace the ground
Falling back to catch the lands
As they fumble through our hands
We feel alive in the move from Sundays
Singin' loud loud loud loud loud loud
Feel alive in the move from Sundays
We sing and shout, we sing and shout
It's rainin' hard like the years between us
Leavin' silent space around us
Formin' walls like they're meant to part
They're rainin' down, they're rainin' down
Dreams the lost are found
All the silent make a sound
And the timid free again
Lyin' here on the edge of sun
We slowly rest our eyes
In these nights there's moon and stars
And we shout shout shout shout shout
To cure the silence oh
And our loud loud loud loud times
Will carry on, and on and on
Days we drive around
We slowly turn the car
And there's angels shooting stars
por Marcus Pessoa, às 18:38 -
16 de abril de 2005
Sinais de vida inteligente... na Terra
O caso dos círculos nos campos de trigo da Inglaterra é hoje bastante conhecido. Todo mundo já ouviu falar nos estranhos desenhos, com formas complexas e que só podem ser vistas de cima. Talvez por serem muito numerosos -- na casa dos milhares! -- e não terem, a princípio, qualquer explicação, atiçaram a imaginação de muita gente. Alguns os consideram a única evidência física inequívoca da presença de visitantes extraterrestes em nosso planeta.
A alta complexidade dos desenhos e o fato de serem construídos literalmente "da noite para o dia" estimulou essa crença na origem extraterrestre do fenômeno. Chegou-se a falar na existência de radiação nos locais, além de estranhas alterações nas plantas. E os primeiros círculos apareceram próximos a locais de significado místico, como o monumento do Stonehenge.
O que muita gente não sabe é que esse "mistério" já é um segredo de polichinelo há quase 15 anos, desde que os artistas ingleses Doug Bower e Dave Chorley confessaram ser os autores de centenas de círculos em diversas plantações de cereais do país, desde os anos 70. Chegaram a deixar suas iniciais ("DD") em alguns deles.
Após a revelação, foram acusados de fazer parte de uma fraude destinada a esconder a verdadeira origem dos círculos, mas o fato é que é mais do que plausível que os desenhos tenham sido feitos por seres humanos.
Se foram realmente eles que fizeram os primeiros círculos, não importa: a cada ano aumenta o número de episódios, o que quer dizer mais gente aderindo ao que está sendo chamado de um grande fenômeno artístico-cultural. A complexidade dos desenhos também é maior a cada ano, pelo aprimoramento do know-how de sua fabricação.
Alguns criadores de círculos agem abertamente, como os Circle Makers, que mostram didaticamente como criar desenhos incrivelmente elaborados em poucas horas.
O assunto voltou à moda com o filme de M. Night Shyamalan, Sinais, que, como bom produto hollywoodiano, foi procurar uma explicação fantasiosa para o fenômeno. O problema é que algumas pessoas parecem não distinguir a ficção da realidade...
Não vou ficar aqui debatendo a autoria dos círculos. Isso é o mesmo que discutir com criacionistas -- dá um trabalho danado e você sente que perdeu seu tempo. Mas numa coisa eu concordo com os teóricos da conspiração: esses desenhos são resultado de vida inteligente sim! Mas na Terra...
Essas ações de seres humanos semeando a dúvida e questionando a credulidade das pessoas são, claramente, uma forma de arte contemporânea. Ao contrário de alguns de seus congêneres, que põem vacas em fatias nos museus, ou fazem esculturas em sangue congelado, estes artistas não só cumprem seu papel de intervir criticamente na realidade como também se preocupam com a beleza de seu trabalho -- o que, estranhamente, há algum tempo não é considerado algo essencial na arte.
E a "intervenção" tem bastante humor também: quando alguns estudiosos do fenômeno propunham explicações esdrúxulas como a de um "vórtice plasmático eletromagnético" (!?!), os criadores prontamente faziam outro círculo que desmontava a explicação! Que bom que ainda existem exemplos de arte contemporânea que não são só masturbação intelectual...
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Esse sumiço de dois meses, por absoluta falta de tempo e excesso de trabalho, serviu pra repensar a "pauta" do blog, que estava muito pro lado da política. Estou de saco cheio de certos "debates", vocês sabem com quem...
Dei uma mudada no layout pra espanar o pó, gostaram? Coloquei os favoritos em ordem alfabética -- é uma "escolha de Sofia" tentar ordenar pelos mais visitados. Ah, sim: o blog fez um ano no início do mês e eu nem lembrei!
Quero agradecer ao Ismael, à Leila, ao Ricky, ao Rafael e ao Idelber, que cobraram o meu retorno à atividade. Espero não ter esquecido ninguém. Abração a todos!
por Marcus Pessoa, às 17:31 -